23 fevereiro, 2010

SEXTA DA PAIXÃO

Sempre tive curiosidade de saber quem é que determinava a data do Carnaval. Desde criança que imaginava alguém decidindo isso em função de sua maior ou menor disposição no início do ano. Depois, soube que não era bem assim. O Carnaval era marcado para ser exatamente 40 dias antes da 6ª Feira da Paixão, definindo um período que a religião católica chama de Quaresma. Estava portanto, transferida a minha dúvida. A pergunta passa a ser: quem determina a 6ª Feira da Paixão ?

Embora nunca chegasse a me tirar o sono, a cada ano a dúvida piscava para mim. Até que recentemente descobri tudo. A 6ª Feira da Paixão é sempre a mais próxima da primeira Lua Cheia da primavera no hemisfério norte. Nosso outono cá embaixo do Equador. Bonito demais. Quando Jesus aborreceu os romanos até o limite deles e terminou pendurado numa cruz; era uma sexta-feira, início da primavera e havia uma Lua Cheia nos céus de Jerusalém.

Essa foi a referencia que atravessou dois mil anos servindo para marcar tantas datas que afetam a vida da gente ainda hoje, quando os romanos já não estão nem aí para Jerusalém e veneram o manto em que o corpo do executado foi envolvido. Além de bela, a história contém um outro ensinamento: tudo na vida tem uma explicação. Se você não consegue entender porque sua namorada terminou tudo porque você mudou o corte de cabelo, pode ter certeza de que há uma explicação. Se aquele seu colega de trabalho que dedica todas as horas vagas a jogar dominó e passa as tardes de domingo a assistir Sílvio Santos (de cueca e comendo pizza gelada do jantar de sábado), foi promovido a seu Diretor Administrativo, alguma explicação existe para isto.

Na vida, sempre há uma explicação para qualquer coisa. Por mais esquisito que pareça ser um fato ou um gesto, por trás dele há uma engrenagem complexa, que se move as vezes lenta e longa, as vezes rápida e curta, para fazer com que tal coisa tenha acontecido.

Faço todas estas voltas para dizer que credito tudo que nos acontece, a nós mesmos, como resultado de uma engrenagem que montamos desprevenidamente ao longo de nossas vidas. A pedra que você atirou na vidraça de alguém quando tinha seis anos, pode ter provocado estes estilhaços de vidro que caem sobre a sua cabeça hoje, quando os cabelos já se foram e a memória também.

Uma engrenagem de atos movidos pela ética, coerência, justiça e solidariedade, mesmo praticados sem qualquer consciência ou intenção, vai seguir produzindo ética, coerência, justiça e solidariedade.

2 comentários:

Cristhiane Castro disse...

Tb sempre tive essa dúvidas, mas elas foram esclarecidas na época da catequese. rs
Compartilho do seu pensamento: "Na vida, sempre há uma explicação para qualquer coisa". O espiritismo me ensinou isso. parabéns pelo texto. Muito BOM!

ligia mello disse...

aahahah matou a minha curiosidade tb..=)))
e sim somos fruto do que plantamos, colhemos e fazemos voar...como as borboletas.
bjkas meu amigo.